Refúgio de Hecate

Respirou fundo num ato impensado de quem recupera a paciência, mesmo que não precisasse mais do oxigênio: - Mas... Fitava Jessie com olhos espantados, organizando as ideias que lhe ocorriam naquela curta pausa: - Eu?

Caminhou pelo ambiente recuperando a postura mais elegante e falar suave depois de esfregar o braço nos lábios manchados de sangue: - Escolhida do Clã? Será que papai nem sequer foi consultado?  Continuava andando como se por-se em movimento, fizesse fluir as ideias: - Que mulherzinha repugnante. Pois bem... E quais são as instruções? Enquanto aguardava a resposta de Jessie, finalizou: - Sou capaz de apostar um conversível que o bocudo estará nesse grupo. Revirou os olhos, odiando aquele fato.

Sim, estava com cara de retaliação da parte da primogena e não era necessário ser muito inteligente para perceber que os motivos era inveja.

Ernest sabia que a hora que ele quisesse retornar, seria capaz de pegar um cargo de prestígio, até mesmo desbancar Ada Keyle na primogenitura. Desde modo, Ada se sentiu acuada e mostrou do que poderia ser capaz.

Ernest tinha um cargo dado pelo príncipe e questionar o mesmo, seria como questionar as atribuições do mesmo. Porém, deram também a Ada a total liberdade de escolha do membro que deveria compor a equipe de segurança e ao escolher Hecate, foi uma forma de não tocar nela e sim, em seu senhor.

_ St. Mary's Cathedral, às 00:00 teremos uma reunião com o xerife e com o príncipe.

_Acredito que você possa superar mais este desafio e vou te ajudar com isso querida!

- Isso não é trabalho pra uma Harpia, muito menos para uma Gleen. Resmungava, ainda inconformada: - Aquela vadia vai se ver comigo! Os pensamentos de Hecate eram bem menos contidos e glamurosos, descendo ainda mais o nível dos comentários de ódio.

- Bom... Esticou a camisola com as mãos, como se quisesse recuperar a postura controlada, aparentando estar mais alinhada: - O que não tem remédio, irremediado está. Virou-se então, buscando seu aparelho celular enquanto esforçava-se para parecer mais resignada, após os desabafos.

Começou então dedilhando o aparelho, vendo algumas mensagens enquanto pensava no que falaria ou não para Ernest. Quando decidiu, discou o número e esperou que ele atendesse.

**Ligação**

_Filha???

_Recebi sua mensagem, mas fui dormir cedo, logo após chegar do Elísio. Você está bem?

Ernest se preocupava muito com a integridade de sua filha. Sabia que ela não era uma boa combatente, por isso ele a presenteou com Jessie, assim que cortou seu cordão umbilical.

**Ligação**
- Sim, Pai, to bem. Muito disso graças à Jessie, também ao Boris. Só com tempo pra te contar os detalhes. Mas infelizmente não tenho muito tempo hoje. Tenho que aproveitar o pouco tempo que me resta para agir umas coisas antes da reunião com o xerife e o príncipe na St. Mary's Cathedra. Um saco... Hecate olhava pra Jessie com uma expressão astuta, como se tivesse feito sua jogada para saber se Ernest estava ciente do assunto.

**Ligação**

O telefone fica mudo quando Hecate profere tais palavras, Ernest estava sabendo por alto daquela informação, mas queria confirmar o fato.

_Entendo...

_Faça o que te foi solicitado, vou tentar mexer os pauzinhos para te tirar dessa.

Ernest tinha meios para resolver este impasse e movimentaria céus e terras para tal.

**Ligação**

- Pai, não... Deixa isso quieto. Concluía assim que ele já sabia da história e, se já não havia movido os pauzinhos, talvez aquilo fosse lhe prejudicar de alguma forma, o que Hecate não desejava: - Sei que posso lidar com isso. Prefiro te deixar fora dessa... mas, uma coisa não posso deixar de pedir. Quero retaliar, nossa amiguinha está querendo guerra. Gostaria que o Senhor pensasse comigo na melhor forma de fazer isso.

**Ligação**

_Sim, sim, isso não vai ficar barato assim, não mesmo!

_Vou ligar imediatamente para Ethan, ele vai ter que me explicar isso tim tim por tim tim...

_Agora deixa eu ir lá, por que tenho algumas tarefas para resolver!

**Ligação**
- Tá bom, pai. Mas não esqueça, não quero que se indisponha com ninguém por causa disso. No mais, conto as novidades depois. Beijo... Assim, Hecate encerrou a ligação, após ter escutado do outro lado, a despedida de Ernest.

Caminhou pelo ambiente pensativa, tinha as mãos na cintura e um olhar perdido: - Não temos muito tempo pra hoje... Com um comportamento inquieto, cruzou os braços, tamborilando-os com os dedos: - Enquanto estou sendo tragada por esse mar de lama, quantas Hecates e Jessies com talento único não se perdem por exclusiva culpa de governantes que se entregam ao vício mais vil de satisfazer as próprias ambições sem fim? Parou a caminhada, de frente para Jessie: - Decidi. Enquanto tivermos tempos e nosso amigo rato de esgoto não aparecer, vamos nos dedicar a descobrir o nosso próximo alvo. Direcionou-se então até uma mesinha, onde estava o controle remoto e, ligou a TV, pondo num canal exclusivamente político: - Por onde vamos começar?

*Batidas na porta*

_Senhorita Jessie, temos visitas! -Era a voz de Dona Elise D'Boar, a governanta-

Jessie emite um som de risos preso e solta uma boa gargalhada após provar que não se conteve.

_Acho que nossa conversa vai ficar para depois. Nosso amigo ratinho chegou!

Diz colocando a mão no abdomem, onde estava a ferida.

Hecate encara Jessie algo desconcertada, decidindo o que faria enquanto se encaminhava para a porta. Abriu-a alguns centímetros e pôs na fenda, sua face, afim de sussurrar as instruções: - Acabei de acordar. Avise que desço logo...

Quando voltou-se para dentro, após ter fechado a porta, caminhou para o closet escolhendo uma peça que lhe servisse para aquele momento. Deveria encantar o rato como o próprio gato faz, com olhos que enfeitiçam tal qual um pêndulo em mãos hábeis.

"Não acredito, estou me produzindo para aquele verme que só conhece a lixeira onde mora." Ponderava após ter se colocado dentro do vestido prateado, passando um batom de tom rosa bem vivo.

- Vamos logo, acabar com isso. Disse para Jessie enquanto borrifava um perfume de aroma marcante e pouco conhecido, saindo do quarto e indo até o topo das escadas, quando vestiu um belo sorriso à medida que ia descendo os degraus, fazendo o som do salto alto que chamavam atenção para suas belas pernas, muito bem desenhadas: - Que bom que veio... Falava num tom suavemente mais alto, já que ainda não estavam próximos: - Como se sente hoje, depois da noite agitada de ontem?

Era inacreditável sim, mas Hecate estava de produzindo para receber um nosferatu. Pensava se precisava de tanto, ele ainda era um neófito sem muita influência, mas ao contrário do que a lógica lhe diz, ele se mostrou astuto a ponto de evitar que morresse.

Droga Hecate, o que está acontecendo com você? -Era o que pensava enquanto se produzia-

Ao descer a escada, uma engraçada, porém agradável surpresa. O nosferatu estava tão limpo, cheiroso e lindo que faz Hecate estacar e pensar duas vezes quanto as impressões daquele ser das trevas.

A Toreadora tinha sim seu truque, era só não tentar olhar atrás daquela máscara e aproveitar aquela utopia tão... charmosa.



O nosferatu ajuda Hecate a descer os três últimos degraus da escada de forma bastante cortês.

_Boa noite senhorita Hecate!

Findando o gentil gesto, entrega a rosa a moça de traços finos e de linhagem nobre.

-Uma rosa para outra rosa-

- Ahhh... Murmurou com delicadeza, esforçando-se para não imaginar o que aquela ilusão escondia: - Que gentil! Cheirou a rosa, verdadeiramente satisfeita. Depois se encaminhou para a sala, onde indicou um assento com a mão para que o convidado se sentasse: - Jessie, porque você não consegue um pouco de ... "Vinho"... pra nos três? Sorriu astutamente, indicando o significado oculto: - Então, imagino que não tenha muito tempo a perder, não é? A noite está tão atarefada pra você quanto pra mim? Iniciava a conversa com um amigável sorriso, parecendo não haver propósito naquelass primeiras palavras.

Jessie sorrir para sua senhora e se retira da presença de ambos, indo buscar o que lhe fora solicitado.

Quanto ao "belo homem", ele levanta o dedo indicador ao ar, abrindo levemente a boca como se isso lhe ajudasse a pensar em uma resposta. As expressões do vampiro eram formidáveis, assim como sua representação.

Se ele não fosse tão feio...

Hecate imagina qual seria a aparência real daquele vampiro antes de seu abraço. Pelo seu carisma e habilidades de representação, ele deve ter sido um ator, não tão famoso quanto Hecate claro, mas com potencial para se tornar um.

_A bem da verdade, separei está noite única e exclusivamente para você. Mas se você tiver outro compromisso além do nosso, entenderei perfeitamente...

Fitava agora a bela rosa. Tinha um certo mistério naquele olhar e uma pitada de desejo.

Hecate inclina a cabeça e aproxima o ombro da face, num gesto meigo e simpático que lhe servia como resposta. Levantou-se na sequência, dando-lhe as costas propositadamente, para que Stevens observasse-a com menos pudor enquanto ela ia caminhando com sensualidade, até uma mesinha, onde puxou a gaveta e retirou um cartão: - O motivo do meu convite, meu caro, é que quero estreitar laços com você. É claro que vi vantagens numa amizade assim, no nosso meio você sabe que tudo são interesses e se eu dissesse que apenas gostei de você, estaria subestimando sua inteligência. Dizia à medida que virava-se lentamente, dando tempo para que a criança pudesse se recompor, caso tivesse se rendido ao charme, como Hecate já vira acontecer mesmo com os mais esforçados: - E eu não quero começar nossa amizade subestimando ninguém. Caminhou no sentido de aproximar-se de Stevens, abaixando sutilmente para entregar-lhe um cartão com seus contatos: - Meus cartões ontem molharam, e qualquer tentativa de trocar contatos com você poderia chamar uma atenção que não desejo. O que eu desejo é que você possa contar comigo, e eu com você. Retornou para sua poltrona, cruzando as pernas: - Pode ser o início de uma boa parceria...

Cada gesto feito pela rosa, era uma expressão de que o vampiro estava se deliciando com aquilo.

Estava nervoso, lidar com uma harpia era sempre algo que requeria cuidado e perfeição, mas cair na graça de uma delas, bem, seu nome seria elevado as alturas.

Conforme ela caminhava para recolher um papel para anotar seu número, o nosferatu sorria, mantendo aquele sorriso cordial até que fosse feita a entrega.

_Ótimo, então temos esta aliança minha estimada amiga do clã das rosas.

Ter um jovem e ambicioso vampiro que pode assumir qualquer rosto e não ser descoberto jamais, mesmo após filmagens, era formidável, era de fato uma rara habilidade, que você só teve conhecimento por causa de suas conversas com Ernest.

Jessie chega com as bebidas e entrega uma taça a sua senhora para em seguida fazer o mesmo com o visitante.

- Então... Tomou assim a taça, aproximando-se de Jessie, em quem deu um forte meio abraço, erguendo a outra mão para um brinde: - Longa vida a esta aliança! Esperou o brinde em trio, dando uma longa golada do vitae.

- E por favor, não vá esquecer de me ligar ou me mandar uma mensagem para que eu tenha também o seu contato. Algo me diz que depois de hoje, possamos já ter algum trabalho... Quem sabe. Dizia em tom espirituoso, finalizando aos poucos a bebida com goles menores.

O nosferatu concordava em tudo que era dito ali. E ao ter a bebida com sangue a sua frente, pensa duas vezes, faz uma cara de que se deveria beber ou não beber. Pensa nas consequências de ambas as escolhas, e finalmente o faz, saboreando o conteúdo do rubro líquido.

_Mandarei um recado no whatss, algo bem singelo e tranquilo.

Stevens era um jovem de ouro, bastante carismático, tinha um certo don, mas como reparado anteriormente, precisava de um pouco mais de treinamento.

Como harpia, era bom Hecate manter um certo time sobre sua proteção e a fama dias biosferas quanto a estarem bem informados, era enorme. Mas qual seria o preço de Stevens?

Pelo que parece, ele era carente de compania, nenhum nosferatu parecia corresponder suas expectativas, ao contrário de Hecate.

Hecate já ouviu histórias horríveis de nosferatu que abraçam humanos bonitos e esnobes, assim se lhes dar uma lição. Largando o mesmo a própria sorte, sabendo que cedo ou tarde, eles iriam correr como raros para seus bueiros.

_Como prova de confiança, em relação a nós, devo dizer que aquele grupo sabá da noite anterior, era um grupo de reconhecimento e junto a eles, temos outros dois, em algum lugar de Austin. Sendo um deles, um grupo avançado!

_Tenha muito cuidado quando for andar por aí!

_Eles estão tentando maturar os refúgios dos membros e sua área de influência.

Juntou as mãos (mesmo segurando a taça) como numa oração, agradecendo as informações de Stevens: - Bom saber, vou tomar cuidado... Fitando Jessie logo em seguida, a principal responsável pela sua segurança.

Colocou então a taça vazia numa mesa para que pudesse tocar levemente o ombro de Stevens com uma mão enquanto apontava-lhe o caminho com a outra: - Nosso primeiro encontro foi muito proveitoso, meu caro. É uma pena ter que encerrar tão cedo... Caminhando então bem lentamente até a porta, Hecate esperava ser acompanhada: - Mas infelizmente logo mais terei uma reunião. Acho que vão discutir sobre o tal baile e eu precisarei estar presente. Sorriu de forma cortês.

Stevens conforme Hecate caminhava até a porta, começa a se levantar e tão lentamente quanto a rosa se encaminha ao cerne de sua despedida.

_Certamente... -Dizia com uma entonação de quem estava gostando muito da conversa, porém infelizmente ela teve que se findar-

_Entendi perfeitamente!

Parecia que Hecate tentava retribuir o joguete adotado de troca de informações. Tão Logo cruza a porta, a jovem criança diz:

_Obrigado por me receber e que nossa aliança perdure por longos anos!

- Perdurará! Disse, contente: - Se precisar de uma carona ou mesmo um Taxi, pode avisar ao Michael que eu mesma solicitei para você. Enquanto falava, apontava para a cabine dos seguranças, próxima da entrada daquele terreno.

Esperou que Stevens se distanciasse, buscando assim uma confirmação de que seu visitante não encontraria uma brecha para espiona-la. Depois da ida confirmada de Stevens, voltou-se novamente para o interior da mansão, caminhando para as escadas após ter desmanchado o sorriso simpático de antes: - Não sobrou muito tempo. Quero definir meu alvo antes da reunião, então, precisamos correr... Apressava assim os passos.

Satisfeito com a resposta da rosa o nosferatu se retira da presença da mesma caminhando pela trilha que dava acesso a saída.

_Não preciso de carona não, eu tenho um atalho...

Hecate que observava pouco a pouco seu visitante se afastar como boa anfitriã, no que ele se fora de vez.

...

Ao falar com Jessie ela faz uma cara de que entendia perfeitamente, só aguardava as orientações.

_Então, vamos começar a nos arrumar?

Suspirou fundo, expulsando todo o ar dos pulmões atrofiados: - É, tem razão. Estava vencida, mas precisava admitir, aquela era mais uma noite perdida.

A bela subiu e apressou-se para retocar a produção que já havia iniciado para o reles neófito.

Não muito se demora e logo estava pronta para sair.

Retocar uma beleza já perfeita, era fácil, não precisava muito para estar mais bela do que sempre foi, mas mostrar seu poder aquisitivo através de jóias e itens raros era sempre bom. Fatos de assim desejasse.

Jessie estava pronta também, pegando apenas o que precisava para a segurança de sua dominadora.

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